quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Berlin

Na sexta-feira de manhã (mais propriamente às 5h30), estava eu a entrar no autocarro que me levaria até Berlim. A viagem claro que levava 8horas mas estava tudo muito cansado da noite anterior (Nexus). É que eu ainda vim para casa à 1h e dormir uma hora e meia, mas a maior parte das pessoas não chegou a dormir nada e estava com uma enormíssima ressaca (ou se calhar ainda estavam era bêbados). A viagem demorou imenso tempo mas como metia um ferry pelo meio não me custou assim tanto.
Às 14h3o estava em Berlim. Depois de me acomodar ao quarto (que era bastante simpático) e vestir alguma coisa para a 'noite', fui dar um passeio de uma hora e pouco com a Sandra. Era o único tempo que tínhamos livre nesse dia, uma vez que às 16h45 tínhamos de estar à frente do hotel para irmos todos juntos para o restaurante onde íamos jantar às 17h30. Ups. O restaurante era bom mas tinha um ar um pouco sinistro.. a comida era boa mas as doses eram gigantes! Saí de lá a achar que se caísse começa a rebolar, ou que havia o perigo de explodir a cada momento (comi um cheeseburger com queijo de cabra e brownie). Depois de jantar fomos todos juntos para o "sky beach bar", que tinha uma vista fabulosa e um conceito igualmente bom.. uma vez que replicava uma praia num topo do edifício. O problema foi que estava a chover e os donos do sítio não nos queriam dentro da tenda.. Logo, fomo-nos embora à procura duma alternativa. Eventualmente encontrámos uma boa alternativa mas eu já estava demasiado cansada para desfrutar.. Às 12h quis-me ir embora e, juntamente com um grupo de pessoas, descobri o caminho pelas linhas de metro.. Demorámos mais de uma hora. Se estava cansada e com frio no início da saga, no fim estava definitivamente doente.

Sábado de manhã chegou e com ele a tour guiada pela cidade de Berlim. A tour teve a duração de 3horas e o nosso guia era mais que fantástico. Ele sabia tudo.. Explicava-nos tanto a história de cada monumento, como o que as pessoas acham hoje sobre o assunto e as possibilidades futuras. Começámos o passeio na praça de Paris - que, ao contrário do que estão a pensar não é uma homenagem aos franceses. A praça de Paris é onde se localiza a principal porta de entrada da parte west da cidade para a east. Nessa mesma entrada foi erguida uma estátua da 'Victoria', e ao chamar a praça after Paris, os alemães quiseram dar especial ênfase à superioridade que assumem ter sobre os franceses (ou seja, os alemães vencem sempre os franceses). Depois andámos pela rua até à homenagem aos judeus mortos, passámos pelo bunker onde Hitler se matou, juntamente com a sua mulher e o cão. De seguida fomos até à actual sede do governo alemão que, por ironia do destino, era a antiga base de controlo aéreo da força nazi. Passámos por uma parte do muro de Berlim, em direcção ao Checkpoint Charlie (este era considerado o ponto mais perigoso do muro de Berlim, uma vez que era o único local em que os americanos tinham contacto directo com os soviéticos). Seguimos pela cidade até às catedrais e a uma praça que é rodeada por uma universidade, uma igreja, a primeira ópera aberta ao público 'normal' e a biblioteca (local de onde foram queimados milhares de livros pelos nazis como forma de motim). Depois disso dirigimo-nos até à ilha dos museus, onde terminou o tour.
O tour terminou bastante cedo e, como só estaríamos na cidade um dia, eu e os meus amigos decidimos explorar um bocadinho mais. Subimos até ao topo da catedral, de onde se tinha uma vista maravilhosa sobre toda a cidade. Depois decidimos andar pelas ruas, ao pé do canal, e andar até a um local onde o muro ainda está semi-erguido e explica as suas três fases de construção (ao longo do tempo, os soviéticos sentiram a necessidade de ir reforçando o muro para impedir as pessoas de fugir ao regime comunista). Após isso, dirigimo-nos até à parte famosa do muro - onde há imensas pinturas e afins - e acabámos por descobrir um bar muito agradável ao pé do canal, onde foi construída uma praia artificial. A tarde terminou ao pé da praça de Rosen (ou algo do género), perdendo-nos pelas ruas.. À noite fui jantar com o meu pequeno grupinho (australiano, americano do Texas, 2 gregas e eu e a Sandra) e depois fui dar um passeio pela rua mais importante para compras na parte west da cidade.

Domingo foi um dia com uma visita mais curta mas mais intensa: fomos a um campo de concentração (Sachenhausen). Também aqui tivemos direito a uma visita guiada, o que só tornou as coisas mais intensas porque nos foram contadas histórias verídicas que tornavam tudo mais real e violento. Este campo de concentração tem a forma de triângulo e não era um local onde se matavam as pessoas através de câmaras de gás. Aqui, as pessoas eram mortas pelos trabalhos extremos a que eram submetidas e poderiam ser enviadas para outros campos de concentração para serem mortas. Os prisioneiros chegavam ao campo e ficavam à porta, onde lhes rasgavam as roupas e cortavam todos os pêlos e cabelos. Qualquer pessoa que tivesse alguma anomalia era espancada e não chegava a entrar no campo de concentração. Era-lhes entregue o famoso pijama às riscas, que para além de um número tinha um triângulo com uma cor que indicava a razão pela qual estavam presos. A cor mais comum era o encarnado - para preso político -, uma vez que não se deixava à vista o triângulo amarelo - para judeu. Dentro do campo, as pessoas eram designadas para os trabalhos mais macabros e viviam em condições muito extremas. Tinham tempo mínimo para se lavarem e usarem as casas-de-banho, e se alguém caía no meio da confusão não poderia ser ajudada, podendo mesmo morrer afogada nos excrementos. O muro era todo ladeado por uma zona que quando pisava dava direito a morte imediata, sendo que os nazis obrigavam pessoas a dirigirem-se a essa zona. Por fim, tenho de referir a "Station Z", que é uma sala construída para matar pessoas. Esta sala foi desenhada por forma a manter os prisioneiros calmos e sem noção daquilo que lhes iria acontecer: passavam um exame médico, esperavam numa sala com música e revistas até passarem a outra sala onde se encontrava um general. Aí eram mortos com um tiro de baixo calibre, encostados contra uma parede dupla, para evitar que os prisioneiros seguintes se apercebessem do que se passava. o corpo era então colocado numa sala traseira, onde seria queimado. Esta estação tinha uma pequena sala de gás, onde o objectivo não era matar em grandes quantidades mas sim testar os vários gases para que pudessem ser usados noutros campos de concentração. O mais chocante deste local é que depois de 1945, ainda esteve em funcionamento até 1950. Não de forma tão brutal, mas provocando mortes entre a população.

A viagem a Berlim enriqueceu-me e aprendi imenso. Tenho imenso interesse em aprender sobre a guerra e o muro de Berlim, e tudo o que essa época envolveu. Um fim-de-semana não foi suficiente, é claro, e por isso espero visitar a cidade com a minha família! Ah, e claro que no meio de tanta visita comi a típica bola de Berlim e tão boooa que estava!

Um grande beijinho e sintam-se à vontade para comentar xx

Sem comentários:

Enviar um comentário